fala do silêncio

Num muro branco desenhas as alegorias do repouso, e é sempre uma rainha louca jazendo sob a lua sobre a triste erva do velho jardim. Mas não fales dos jardins, não fales da lua, não fales da rosa, não fales do mar. Fala do que sabes. Fala do que vibra em tua medula e produz luzes e sombras no teu olhar, fala da dor incessante dos teus ossos, fala da vertigem, fala da tua respiração, da tua desolação, da tua traição. É tão obscuro, tão em silêncio o processo a que me obrigo. Oh! Fala do silêncio!


Alejandra Pizarnik, Extracção da Pedra da Loucura

Um homem tinha três gatos.

Um branco, um preto, e um branco e preto. O gato branco era mau, o preto era bom, e o branco e preto era assim-assim. Para atenuar as diferenças e promover a boa convivência, o homem pintou de preto os bigodes do gato branco, de branco os bigodes do gato preto, e de verde os bigodes do gato branco e preto. O gato branco com bigodes pretos e o gato preto com bigodes brancos ficaram com muitos ciúmes do gato branco e preto com bigodes verdes. E este ficou com ciúmes daqueles por outras razões. Os ciúmes eram tantos e tão variados que o homem foi tomado de uma febre terrível e começou a cuspir bolas de pêlo. Morreu num ápice. Os gatos enterraram-no no sótão.


Rui Manuel Amaral

y control

© Michelangelo Pistoletto

Be hole, be dust, be dream, be wind

Be night, be dark, be wish, be mind,
Now slip, now slide, now move unseen,
Above, beneath, betwixt, between.


Neil Gaiman

dizer o amor

Não imagino outra forma
de dizer o amor senão usando
o que sobra de luz quando as tardes
terminam: são de sombras vagas
todos os versos que te escrevo.


Sandra Costa

se eu fosse um vídeo

Todas as manhãs, entre o enfiar

do sapato esquerdo e do sapato direito
(...) vê a vida desfilar-lhe diante dos olhos.
Por vezes só a custo consegue
calçar o sapato direito.


Judith Herzberg

canto da minha nudez

Olha para mim: estou nua. Da inquieta
languidez da minha cabeleira
até à tensão fina do meu pé,
sou toda de uma magreza amarga
envolta numa cor de marfim.

Olha: como é pálida a minha carne.
Dir-se-ia que o sangue não a percorre.
O vermelho não transparece. Apenas uma lânguida
pulsação azul se esbate no meio do peito.

Vê como tenho o ventre côncavo. Incerta
é a curva das ancas, mas os joelhos
e os tornozelos e todas as articulações
são escanzelados e duros como os de um puro-sangue.

Hoje, deito-me nua, na limpidez
da banheira branca e deitar-me-ei nua
amanhã sobre um leito, se alguém
me quiser. E um dia nua, só,
estendida de costas sob demasiada terra,
hei-de estar, quando a morte me tiver chamado.


Antonia Pozzi, A Morte de Uma Estação

se eu fosse um vídeo

we'll always have paris

Teremos sempre Paris
construída de raiz
com cobertores no chão.
P'ra que o tempo não gangrene
o nosso outono Cheyenne
retorno ao cemitério.
Tinta preta, doce mel
entre favos de papel,
os medos lambuzados.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
No velho carro ligeiro,
eu fui sempre passageiro,
vocês foram para sempre.
Escuro comprometedor
era um túnel do amor
e eu só liguei os mínimos.
Acercamo-nos distantes
se queremos ser estudantes...
morramos em Tienanmen.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
Choramos os nossos risos,
fados muito imprecisos.
Rimo-nos dos nossos ais,
fados pouco casuais...


Samuel Úria

to be

Hiroshima Mon Amour, Alain Resnais, 1959

Como saber, se há tanta coisa

de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?


João Cabral de Melo Neto

when I look at you

Sometimes when I look at you, I feel I'm gazing at a distant star.
It's dazzling, but the light is from tens of thousands of years ago.
Maybe the star doesn't even exist any more. Yet sometimes that light seems more real to me than anything.


Haruki Murakami, South Of The Border, West Of The Sun

das insónias de dentro


a insónia,

esta ferida de ferrugem, festeja noctívagas alucinações sobre a pele.


Al Berto, O Medo

um cigarro

outro cigarro vai certamente acalmar-me
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão


Al Berto, O Medo

eis a travessia deste coração de múltiplos nomes:

vento, fogo, areia,
metamorfose, água, fúria, lucidez, cinzas.


Al Berto, O Medo

calculating the future salary of a suicide

Suppose that a man wishes to die, and the professor of political economy becomes rather a bore with his elaborate explanations of how he is to live. And all the departures and decisions that make our human past into a story have this character of diverting the direct course of pure economics. As the economist may be excused from calculating the future salary of a suicide, so he may be excused from providing an old age pension for a martyr. As he need not provide for the future of a martyr so he need not provide for the family of a monk. His plan is modified in lesser and varying degrees by a man being a soldier and dying for his own country, by a man being a peasant and specially loving his own land, by a man being more or less affected by any religion that forbids or allows him to do this or that. But all these come back not to an economic calculation about livelihood but to an elemental outlook upon life. They all come back to what a man fundamentally feels, when he looks forth from those strange windows which we call the eyes, upon that strange vision that we call the world.


G. K. Chesterton

coffee and cigarettes

Coffee and Cigarettes, Jim Jarmusch, 2003

just ask me or columbo

Coffee and Cigarettes, Jim Jarmusch, 2003


And you can't smoke in any of this coffee places...I'm pretty sure coffee was invented by people who were smoking anyways. And they just wanted to invent something so they can stay up late and SMOKE FUCKIN' MORE! That's my theory. Just ask me or Columbo, he'll back me up on this one.

Denis Leary


o senhor do adeus

I wake up and I see the face of the devil

and I ask him "What time is it?"

And he says,
"How much time do you want?"


Diamanda Galás, The Shit of God

PAUSA

Parecia-me que este dia
sem ti
devia ser inquieto,
escuro. Em vez disso está repleto
de uma estranha doçura, que aumenta
com o passar das horas –
quase como a terra
após um aguaceiro,
que fica sozinha no silêncio a beber
a água caída
e pouco a pouco
nas veias mais profundas se sente
penetrada.

A alegria que ontem foi angústia,
tempestade –
regressa agora em rápidas
golfadas ao coração,
como um mar amansado:
à luz suave do sol reaparecido brilham,
inocentes dádivas,
as conchas que a onda
deixou sobre a praia.


Antonia Pozzi, A Morte de uma Estação, trad.Inês Dias

~


grace e kelly estão no jardim dos filmes. uma lê e a outra
filosofa enquanto exibem a sua nova lingerie.

todos os monstros têm o teu nome

todos os monstros têm o teu nome, de mais ou menos bocas, grandes ou
pequenas milhares de patas, sangue jorrando ou
líquenes desfeitos, todos os monstros têm
o teu nome e por ofício perseguem-me, entram
por mim no soalheiro mundo dos
homens, usam a minha incúria

eu sou
uma esplendorosa borboleta de sangue. um
ser que voa no coração

e cada monstro virá dizer que me ama e
saberá convencer-me a suportar os seus
tentáculos, a apreciar até os beijos nos
orificios mucosos por onde expele a
língua e será capaz de me fazer querer o
esbracejar nocturno dos seus gestos

e eu direi o teu nome e nunca me
enganarei


valter hugo mãe, folclore íntimo

se eu fosse um vídeo

se eu fosse um vídeo

notice

citizens of the world
I renounce you.

I have
long ago.
but this is a formal
notice.
me against
you.
a restraining
order.

fuck off.
dry up.
vanish.

don't come to
my door
with pizza
pussy
or offers of
peace.

it's too late.

the music has
frozen in the
air
castrated by the
absence of your
presence.


Charles Bukowski

a minha gabardina

Tal como outros têm por secretária a noite
eu tenho a minha gabardina
de botões desusados e conversas redondas
que vai com os dias de chumbo
e traz filhos ilegítimos como pardais.

Eu e a minha gabardina
formamos uma só e vejam lá que
nos dias de chuva eu molho-me
ela fica enxuta.

A minha gabardina é o meu cão
fiel quando se rasga e mostra um segredo
mapa de meses outros em que nos escondíamos
das luzes excessivamennte denunciadoras
na rua patriarcal.

A minha gabardina é o meu gato
sobranceira aos epítetos de arcaica e
inactual.

«A culpa foi da gabardina»
acusou o amor quando abandonou a casa
doente da minha pele impermeável
às imagens negociadas do desejo.

Hei-de morrer com a minha gabardina
Expô-la como o fato de feltro de Joseph Beuys


Ana Paula Inácio

fala-me de amor

© jamiepaul

for Sylvia Plath

O Sylvia, Sylvia,
with a dead box of stones and spoons,
with two children, two meteors
wandering loose in a tiny playroom,

with your mouth into the sheet,
into the roofbeam, into the dumb prayer,

(Sylvia, Sylvia
where did you go
after you wrote me
from Devonshire
about rasing potatoes
and keeping bees?)

what did you stand by,
just how did you lie down into?

Thief --
how did you crawl into,

crawl down alone
into the death I wanted so badly and for so long,

the death we said we both outgrew,
the one we wore on our skinny breasts,

the one we talked of so often each time
we downed three extra dry martinis in Boston,

the death that talked of analysts and cures,
the death that talked like brides with plots,

the death we drank to,
the motives and the quiet deed?

(In Boston
the dying
ride in cabs,
yes death again,
that ride home
with our boy.)

O Sylvia, I remember the sleepy drummer
who beat on our eyes with an old story,

how we wanted to let him come
like a sadist or a New York fairy

to do his job,
a necessity, a window in a wall or a crib,

and since that time he waited
under our heart, our cupboard,

and I see now that we store him up
year after year, old suicides

and I know at the news of your death
a terrible taste for it, like salt,

(And me,
me too.
And now, Sylvia,
you again
with death again,
that ride home
with our boy.)

And I say only
with my arms stretched out into that stone place,

what is your death
but an old belonging,

a mole that fell out
of one of your poems?

(O friend,
while the moon's bad,
and the king's gone,
and the queen's at her wit's end
the bar fly ought to sing!)

O tiny mother,
you too!
O funny duchess!
O blonde thing!


Anne Sexton

then,

The death of God left the angels in a strange position.


Donald Barthelme

se eu fosse um vídeo

The other day when I was walking through the woods,

I saw a rabbit standing in front of a candle making shadows of people on a tree.


Stephen Wright

Mas tu nunca vinhas com a noite

E eu sentada com casaco de estrelas.

Quando batiam à porta
Era o meu próprio coração.

Agora pendurado em todas as ombreiras,
Também na tua porta;

Entre touros rosa-de-fogo a extinguir-se
No castanho da grinalda.

Tingi-te o céu cor de amora
Com o sangue do meu coraçção.

Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu de pé com sapatos dourados.


Else Lasker-Schuler

I pronounce your name,

in this dark night,
and your name sounds
more distant than ever.


Federico García Lorca

uma princesa azul pelo crepúsculo

Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos húmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranquilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.


Clarice Lispector

psychosophie


Psychosophie, Hannes Caspar

só é tua a loucura

Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças…


Miguel Torga

Aperta-te estreitamente contra o chão.

A terra cheira ainda a Verão, e o corpo cheira ainda a amor. Mas a erva sobre ti já está seca. O vento é frio e cheio de sementes de cardo. E o sonho que te persegue como uma sombra o teu sonho tem olhos de Outono.


Hilde Domin

se eu fosse um vídeo

Estátuas, estátuas.

Corpos metidos em gestos parados.


Herberto Hélder

little pieces beyond repair

All parents damage their children. It cannot be helped. Youth, like pristine glass, absorbs the prints of its handlers. Some parents smudge, others crack, a few shatter childhoods completely into jagged little pieces, beyond repair.


Mitch Albom

my head is a living forest full of song birds

© Albín Brunovský

o que não foi destruído ficou em silêncio

sobre a mesa mas reparem: só o que perece
não dói. a dificuldade é incinerar o que fica
o passado é pouco combustível mas os dedos
como os nós também se cortam. mas como
dividir o saque que é inteiro onde rasgar
em que linha imaginária se ainda hoje
todos os decretos foram decretados nulos.


Pedro Jordão

If someone wants to come into my house, he comes

If it pleases him, he stays
Myself, I refuse to plan ahead
And when I am asked
what I would take if my house was on fire
I would reply, the fire


Jean Cocteau, La Difficulté d'être

enquanto sonhas, as coisas tremem

como se as desfocassem
lágrimas já preparadas para serem
do sonho o teu real rosto.

acordas, porque as coisas tremem muito
e são quase uma só com muitos lados: o corpo
treme agora bem real com elas. as lágrimas

afinal escorrem. nos jornais
amanhã vão escrever seis graus
na escala do richter
que as mediu não sei bem como.


Bruno Béu

o medo é quando

Que importa que sejam de ferro
ou sangue as portas?
O medo é quando,
caminhando leguamente a geografia do século,
de mãos estendidas como os que
morreram e teimam,
não alcançamos nenhum
desses limiares, matéria nenhuma
esfingicamente provida
de outra latitude.
Um imenso degrau,
impossível de subir ou descer,
uma mesma sordidez de peles,
um reiterado cálculo
de igualdades,
assim habitamos o território da fábrica:
mesmo de olhos fechados,
é uma máquina que abraçamos,
não como ternura,
não como uma droga necessária
- apenas como o genocídio da
temperatura.


Vasco Gato

~


josé socrates e maria da graça estavam no CEC mas havia um gnomo de jardim que não os deixava trabalhar. entretanto entrou um unicórnio a motor com um filme de godard debaixo da asa. atrás de si seguia o laban de camisa de dormir e pantufas cor-de-rosa.

the night

Night. Never have I experienced such agony. I would like to describe his face, his ways - and I cannot, because my own desire for him blinds me when he is near.


Vladimir Nabokov

obriga-me

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras liquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.


Hilda Hist

take these arms / I want to lose them

chegas a casa com as mãos

cheias de sacos e vincadas
pelo esforço. o silêncio é escuro
antes de acenderes a luz; depois
o silêncio é o mesmo, mas ilumina
a solidão nos objectos da casa. largas tudo
logo à entrada. acendes a luz fria da casa
de banho. pegas no elástico, agarras os
cabelos, escuros. e lavas o rosto. ele
vai ficando na água. até que o faças
escorrer pelo ralo: sem nenhum som.


Bruno Béu

waiting for it to rain

I don’t consider myself a pessimist. I think of a pessimist as someone who is waiting for it to rain. And I feel soaked to the skin


Leonard Cohen

sob o sol exactamente

Anna, Pierre Koralnik, 1967

compra um pão come o pão caga o pão

compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um cão dá-lhe pão caga o cão
revende o cão compra pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
não compra não come não caga morre


Alberto Pimenta, Fastio n’Os Entes e os Contraentes

Give me a report on the condition of my soul.

Give me a complete statement of my actions.


Anne Sexton

cinema is a mystery

Une Femme Mariée, Jean-Luc Godard, 1964

Coloca uma palavra

no vale da minha nudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.


Ingeborg Bachmann

por não estarem mais distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.


Clarice Lispector

se eu fosse um vídeo

às quatro da manhã raramente

está aqui alguém, só de passagem.
eu, pelo contrário, gosto de sentar-me
porque o meio da madrugada vai bem
com estas pedras e estes sentimentos

mesmo que me recordes o resto
da noite, aqui perto, por ali,
entre os corpos organizados e
disponíveis, a língua e a conversa
decorada, essa memória
não chega. Nem tu

a meu lado sobrevives à
solidão deste lugar.


Pedro Santo Tirso

talvez a juventude

Talvez a juventude seja só este perene
ardor dos sentidos sem arrependimento.


Sandro Penna

blues

a casa é um nojo sem ti o lava-loiça o quarto
de banho os lençóis sujos a comida a apodrecer
no frigorifico tu melhor que ninguém sabes que difícil

é conviver com um tipo como eu incapaz de enfrentar
assuntos tais como lavar a roupa o cesto
das compras a escolha de detergente ou a solidão

a minha vida é um nojo sem ti.


Pablo García Casado

Não não é isso

nada que eu tenho feito
nada
que eu tenho feito

é feito de
nada
e o ditongo

eu

seguido da
primeira pessoa
do singular
do indicativo

do verbo
auxiliar
ter

tudo
que eu tenho feito
dá no mesmo

se fazer
é capaz
de uma
infinidade de
combinações
envolvendo os
códigos

morais
físicos
e religiosos

pois tudo
e nada
são sinônimos
quando

a energia in vácuo
tem o poder
de confusão

que só
nada ter feito
pode fazer
perfeito


William Carlos Williams

do not awaken

© Duane Michals

you are beautiful like demolition

Just the thought of you draws my knuckles white. I don’t need a god. I have you and your beautiful mouth, your hands holding onto me, the nails leaving unfelt wounds, your hot breath on my neck. The taste of your saliva. The darkness is ours. The nights belong to us.
Everything we do is secret. Nothing we do will ever be understood; we will be feared and kept well away from. It will be the stuff of legend, endless discussion and limitless inspiration for the brave of heart. We are gleaming animals painted in moonlit sweat glow. Our eyes turn to jewels and everything we do is an example of spontaneous perfection.
I have been waiting all my life to be with you. My heart slams against my ribs when I think of the slaughtered nights I spent all over the world waiting to feel your touch. The time I annihilated while I waited like a man doing a life sentence. Now you’re here and everything we touch explodes, bursts into bloom or burns to ash. History atomizes and negates itself with our every shared breath. I need you like life needs life. I want you bad like a natural disaster. You are all I see. You are the only one I want to know.


Henry Rollins

poemário daqui

A. M. Pires Cabral Abel Neves Adília Lopes Adolfo Casais Monteiro Agustina Bessa-Luís Al Berto Albano Martins Alberto Pimenta Alexandra Malheiro Alexandre Nave Alexandre O'Neill Alice Turvo Alice Vieira Almada Negreiros Américo António Lindeza Diogo Ana Bessa Carvalho Ana C. Ana Caeiro Ana Cristina César Ana Duarte Ana Hatherly Ana Luísa Amaral Ana Marques Gastão Ana Martins Marques Ana Paula Inácio Ana Salomé Ana Tecedeiro Ana Teresa Pereira Ana Tinoco André Tomé Andreia C. Faria Angélica Freitas Ângelo de Lima Aníbal Fernandes António Amaral Tavares António Botto António Dacosta António Franco Alexandre António Gancho António Gedeão António Gregório António José Forte António Manuel Pires Cabral António Maria Lisboa António Mega Ferreira António Osório António Pedro António Quadros Ferro António Ramos Pereira António Ramos Rosa António Rebordão Navarro António Reis António S. Ribeiro Armando Baptista-Bastos Armando Silva Carvalho Artur do Cruzeiro Seixas Bénédicte Houart Bruno Béu Bruno Sousa Villar Camilo Castelo Branco Camilo Pessanha Carlos Alberto Machado Carlos Bessa Carlos de Oliveira Carlos Eurico da Costa Carlos Mota de Oliveira Carlos Poças Falcão Carlos Soares Casimiro de Brito Catarina Nunes de Almeida Cesário Verde Cláudia R. Sampaio Cruzeiro Seixas Daniel Faria Daniel Filipe David Mourão-Ferreira David Teles Pereira Delfim Lopes Dulce Maria Cardoso Eastwood da Silva Eduarda Chiote Egito Gonçalves Ernesto Sampaio Eugénio de Andrade Eugénio Lisboa Fernando Assis Pacheco Fernando Esteves Pinto Fernando Lemos Fernando Pessoa Fernando Pinto do Amaral Fiama Hasse Pais Brandão Filipa Leal Filipe Homem Fonseca Florbela Espanca Frederico Pedreira gil t. sousa Golgona Anghel Gonçalo M. Tavares Helder Moura Pereira Helena Carvalho Helga Moreira Hélia Correia Henrique Manuel Bento Fialho Henrique Risques Pereira Herberto Hélder Inês Dias Inês Fonseca Santos Inês Lourenço Isabel Meyrelles Joana Morais Varela Joana Serrado João Almeida João Bénard da Costa João Cabral de Melo Neto João Camilo João Damasceno João Ferreira Oliveira João Habitualmente João Luís Barreto Guimarães João Maia João Manuel Ribeiro João Miguel Henriques João Pacheco João Pereira Coutinho João Rodrigues João Vasco Coelho Joaquim Manuel Magalhães Joaquim Pessoa Jorge Carrera Andrade Jorge de Sena Jorge Gomes Miranda Jorge Melícias Jorge Roque Jorge Sousa Braga José Agostinho Baptista José Alberto Oliveira José Amaro Dionísio José António Franco José Cardoso Pires José Carlos Barros José Carlos Soares José Efe José Gomes Ferreira José Manuel de Vasconcelos José Mário Silva José Miguel Silva José Pascoal José Ricardo Nunes José Rui Teixeira José Saramago José Sebag José Tolentino Mendonça Judith Teixeira Leitão de Barros Leonor Castro Nunes Luís Miguel Nava Luís Quintais Luiza Neto Jorge Madalena de Castro Campos Mafalda Gomes Manuel A. Domingos Manuel António Pina Manuel Cintra Manuel da Silva Ramos Manuel de Castro Manuel de Freitas Manuel Fúria Manuel Gusmão Marcelino Vespeira Margarida Vale de Gato Maria Ângela Alvim Maria Azenha Maria do Rosário Pedreira Maria Gabriela Llansol Maria João Lopes Fernandes Maria Judite de Carvalho Maria Keil Maria Mergulhão Maria Sousa Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa Mário Cesariny Mário Contumélias Mário de Sá-Carneiro Mário Dionísio Mário Quintana Mário Rui de Oliveira Mário-Henrique Leiria Marta Chaves Matilde Campilho Mendes de Carvalho Miguel Cardoso Miguel Martins Miguel Sousa Tavares Miguel Torga Miguel-Manso Nuno Araújo Nuno Bragança Nuno Júdice Nuno Moura Nuno Ramos Nuno Travanca Patrícia Baltazar Paulo José Miranda Pedro Jordão Pedro Loureiro Pedro Mexia Pedro Oom Pedro Santo Tirso Pedro Sena-Lino Pedro Tamen Pedro Tiago Piedade Araujo Sol Raquel Nobre Guerra Raquel Serejo Martins Raul de Carvalho Raul Malaquias Marques Regina Guimarães Reinaldo Ferreira Renata Correia Botelho Ricardo Adolfo Rosa Alice Branco Rosa Maria Martelo Rui Almeida Rui Baião Rui Caeiro Rui Cóias Rui Costa Rui Knopfli Rui Lage Rui Manuel Amaral Rui Nunes Rui Pedro Gonçalves Rui Pires Cabral Rute Mota Ruy Belo Ruy Cinatti Ruy Ventura Samuel Úria Sandra Andrade Sandra Costa Sebastião Alba Sílvio Mendes Soares de Passos Sofia Crespo Sofia Leal Sophia de Mello Breyner Andresen Tatiana Faia Teixeira de Pascoaes Teresa Balté Teresa M. G. Jardim Tiago Araújo Tiago Gomes valter hugo mãe Vasco Gato Vasco Graça Moura Vítor Nogueira Yvette K. Centeno

poemário dali

A. E. Housman Abbas Kiarostami Abel Feu Adelaide Ivánova Adélia Prado Adrienne Rich Agota Kristof Al Purdy Alberto Tugues Alda Merini Aldous Huxley Alejandra Pizarnik Alejandro Jodorowsky Alexander Demidov Alfredo Veiravé Alice Walker Allen Ginsberg Amalia Bautista Amiri Baraka Amy Lowell Amy M. Homes Ana Merino André Breton Andrés Trapiello Angela Carter Anis Mojgani Anna Akhmatova Anna Kamienska Anne Carson Anne Perrier Anne Sexton Antonia Pozzi Antonin Artaud Antonio Gamoneda Antonio Orihuela Antonio Pérez Morte Antonio Sáez Delgado Arnold Lobel Arseny Tarkovsky Arthur Rimbaud Basilio Sánchez Benjamín Prado Bernard-Marie Koltès Billy Collins Boris Vian Brett Elizabeth Jenkins Brian Andreas Brian Patten Carl Phillips Carl Sandburg Carlos Drummond de Andrade Carlos Edmundo de Ory Carlos Marzal Carmen Gloria Berríos Carol Ann Duffy Cecília Meireles Cesare Pavese Charles Baudelaire Charles Bukowski Charles Dana Gibson Charles M. 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