Num muro branco desenhas as alegorias do repouso, e é sempre uma rainha louca jazendo sob a lua sobre a triste erva do velho jardim. Mas não fales dos jardins, não fales da lua, não fales da rosa, não fales do mar. Fala do que sabes. Fala do que vibra em tua medula e produz luzes e sombras no teu olhar, fala da dor incessante dos teus ossos, fala da vertigem, fala da tua respiração, da tua desolação, da tua traição. É tão obscuro, tão em silêncio o processo a que me obrigo. Oh! Fala do silêncio!
Alejandra Pizarnik, Extracção da Pedra da Loucura
Um homem tinha três gatos.
Um branco, um preto, e um branco e preto. O gato branco era mau, o preto era bom, e o branco e preto era assim-assim. Para atenuar as diferenças e promover a boa convivência, o homem pintou de preto os bigodes do gato branco, de branco os bigodes do gato preto, e de verde os bigodes do gato branco e preto. O gato branco com bigodes pretos e o gato preto com bigodes brancos ficaram com muitos ciúmes do gato branco e preto com bigodes verdes. E este ficou com ciúmes daqueles por outras razões. Os ciúmes eram tantos e tão variados que o homem foi tomado de uma febre terrível e começou a cuspir bolas de pêlo. Morreu num ápice. Os gatos enterraram-no no sótão.
Rui Manuel Amaral
Rui Manuel Amaral
Be hole, be dust, be dream, be wind
Be night, be dark, be wish, be mind,
Now slip, now slide, now move unseen,
Above, beneath, betwixt, between.
Neil Gaiman
Now slip, now slide, now move unseen,
Above, beneath, betwixt, between.
Neil Gaiman
dizer o amor
Não imagino outra forma
de dizer o amor senão usando
o que sobra de luz quando as tardes
terminam: são de sombras vagas
todos os versos que te escrevo.
Sandra Costa
de dizer o amor senão usando
o que sobra de luz quando as tardes
terminam: são de sombras vagas
todos os versos que te escrevo.
Sandra Costa
Todas as manhãs, entre o enfiar
do sapato esquerdo e do sapato direito
(...) vê a vida desfilar-lhe diante dos olhos.
Por vezes só a custo consegue
calçar o sapato direito.
Judith Herzberg
(...) vê a vida desfilar-lhe diante dos olhos.
Por vezes só a custo consegue
calçar o sapato direito.
Judith Herzberg
canto da minha nudez
Olha para mim: estou nua. Da inquieta
languidez da minha cabeleira
até à tensão fina do meu pé,
sou toda de uma magreza amarga
envolta numa cor de marfim.
Olha: como é pálida a minha carne.
Dir-se-ia que o sangue não a percorre.
O vermelho não transparece. Apenas uma lânguida
pulsação azul se esbate no meio do peito.
Vê como tenho o ventre côncavo. Incerta
é a curva das ancas, mas os joelhos
e os tornozelos e todas as articulações
são escanzelados e duros como os de um puro-sangue.
Hoje, deito-me nua, na limpidez
da banheira branca e deitar-me-ei nua
amanhã sobre um leito, se alguém
me quiser. E um dia nua, só,
estendida de costas sob demasiada terra,
hei-de estar, quando a morte me tiver chamado.
Antonia Pozzi, A Morte de Uma Estação
languidez da minha cabeleira
até à tensão fina do meu pé,
sou toda de uma magreza amarga
envolta numa cor de marfim.
Olha: como é pálida a minha carne.
Dir-se-ia que o sangue não a percorre.
O vermelho não transparece. Apenas uma lânguida
pulsação azul se esbate no meio do peito.
Vê como tenho o ventre côncavo. Incerta
é a curva das ancas, mas os joelhos
e os tornozelos e todas as articulações
são escanzelados e duros como os de um puro-sangue.
Hoje, deito-me nua, na limpidez
da banheira branca e deitar-me-ei nua
amanhã sobre um leito, se alguém
me quiser. E um dia nua, só,
estendida de costas sob demasiada terra,
hei-de estar, quando a morte me tiver chamado.
Antonia Pozzi, A Morte de Uma Estação
we'll always have paris
Teremos sempre Paris
construída de raiz
com cobertores no chão.
P'ra que o tempo não gangrene
o nosso outono Cheyenne
retorno ao cemitério.
Tinta preta, doce mel
entre favos de papel,
os medos lambuzados.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
No velho carro ligeiro,
eu fui sempre passageiro,
vocês foram para sempre.
Escuro comprometedor
era um túnel do amor
e eu só liguei os mínimos.
Acercamo-nos distantes
se queremos ser estudantes...
morramos em Tienanmen.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
Choramos os nossos risos,
fados muito imprecisos.
Rimo-nos dos nossos ais,
fados pouco casuais...
Samuel Úria
construída de raiz
com cobertores no chão.
P'ra que o tempo não gangrene
o nosso outono Cheyenne
retorno ao cemitério.
Tinta preta, doce mel
entre favos de papel,
os medos lambuzados.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
No velho carro ligeiro,
eu fui sempre passageiro,
vocês foram para sempre.
Escuro comprometedor
era um túnel do amor
e eu só liguei os mínimos.
Acercamo-nos distantes
se queremos ser estudantes...
morramos em Tienanmen.
Recuamos para a frente,
tango pouco inteligente.
Avançamos para trás,
tango muito eficaz,
ou não...
Choramos os nossos risos,
fados muito imprecisos.
Rimo-nos dos nossos ais,
fados pouco casuais...
Samuel Úria
Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?
João Cabral de Melo Neto
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?
João Cabral de Melo Neto
when I look at you
Sometimes when I look at you, I feel I'm gazing at a distant star.
It's dazzling, but the light is from tens of thousands of years ago.
Maybe the star doesn't even exist any more. Yet sometimes that light seems more real to me than anything.
Haruki Murakami, South Of The Border, West Of The Sun
It's dazzling, but the light is from tens of thousands of years ago.
Maybe the star doesn't even exist any more. Yet sometimes that light seems more real to me than anything.
Haruki Murakami, South Of The Border, West Of The Sun
um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
Al Berto, O Medo
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
Al Berto, O Medo
eis a travessia deste coração de múltiplos nomes:
vento, fogo, areia,
metamorfose, água, fúria, lucidez, cinzas.
Al Berto, O Medo
metamorfose, água, fúria, lucidez, cinzas.
Al Berto, O Medo
calculating the future salary of a suicide
Suppose that a man wishes to die, and the professor of political economy becomes rather a bore with his elaborate explanations of how he is to live. And all the departures and decisions that make our human past into a story have this character of diverting the direct course of pure economics. As the economist may be excused from calculating the future salary of a suicide, so he may be excused from providing an old age pension for a martyr. As he need not provide for the future of a martyr so he need not provide for the family of a monk. His plan is modified in lesser and varying degrees by a man being a soldier and dying for his own country, by a man being a peasant and specially loving his own land, by a man being more or less affected by any religion that forbids or allows him to do this or that. But all these come back not to an economic calculation about livelihood but to an elemental outlook upon life. They all come back to what a man fundamentally feels, when he looks forth from those strange windows which we call the eyes, upon that strange vision that we call the world.
G. K. Chesterton
G. K. Chesterton
just ask me or columbo
Coffee and Cigarettes, Jim Jarmusch, 2003
And you can't smoke in any of this coffee places...I'm pretty sure coffee was invented by people who were smoking anyways. And they just wanted to invent something so they can stay up late and SMOKE FUCKIN' MORE! That's my theory. Just ask me or Columbo, he'll back me up on this one.
Denis Leary
I wake up and I see the face of the devil
and I ask him "What time is it?"
And he says,
"How much time do you want?"
Diamanda Galás, The Shit of God
And he says,
"How much time do you want?"
Diamanda Galás, The Shit of God
PAUSA
Parecia-me que este dia
sem ti
devia ser inquieto,
escuro. Em vez disso está repleto
de uma estranha doçura, que aumenta
com o passar das horas –
quase como a terra
após um aguaceiro,
que fica sozinha no silêncio a beber
a água caída
e pouco a pouco
nas veias mais profundas se sente
penetrada.
A alegria que ontem foi angústia,
tempestade –
regressa agora em rápidas
golfadas ao coração,
como um mar amansado:
à luz suave do sol reaparecido brilham,
inocentes dádivas,
as conchas que a onda
deixou sobre a praia.
Antonia Pozzi, A Morte de uma Estação, trad.Inês Dias
sem ti
devia ser inquieto,
escuro. Em vez disso está repleto
de uma estranha doçura, que aumenta
com o passar das horas –
quase como a terra
após um aguaceiro,
que fica sozinha no silêncio a beber
a água caída
e pouco a pouco
nas veias mais profundas se sente
penetrada.
A alegria que ontem foi angústia,
tempestade –
regressa agora em rápidas
golfadas ao coração,
como um mar amansado:
à luz suave do sol reaparecido brilham,
inocentes dádivas,
as conchas que a onda
deixou sobre a praia.
Antonia Pozzi, A Morte de uma Estação, trad.Inês Dias
~
grace e kelly estão no jardim dos filmes. uma lê e a outra
filosofa enquanto exibem a sua nova lingerie.
todos os monstros têm o teu nome
todos os monstros têm o teu nome, de mais ou menos bocas, grandes ou
pequenas milhares de patas, sangue jorrando ou
líquenes desfeitos, todos os monstros têm
o teu nome e por ofício perseguem-me, entram
por mim no soalheiro mundo dos
homens, usam a minha incúria
eu sou
uma esplendorosa borboleta de sangue. um
ser que voa no coração
e cada monstro virá dizer que me ama e
saberá convencer-me a suportar os seus
tentáculos, a apreciar até os beijos nos
orificios mucosos por onde expele a
língua e será capaz de me fazer querer o
esbracejar nocturno dos seus gestos
e eu direi o teu nome e nunca me
enganarei
valter hugo mãe, folclore íntimo
pequenas milhares de patas, sangue jorrando ou
líquenes desfeitos, todos os monstros têm
o teu nome e por ofício perseguem-me, entram
por mim no soalheiro mundo dos
homens, usam a minha incúria
eu sou
uma esplendorosa borboleta de sangue. um
ser que voa no coração
e cada monstro virá dizer que me ama e
saberá convencer-me a suportar os seus
tentáculos, a apreciar até os beijos nos
orificios mucosos por onde expele a
língua e será capaz de me fazer querer o
esbracejar nocturno dos seus gestos
e eu direi o teu nome e nunca me
enganarei
valter hugo mãe, folclore íntimo
notice
citizens of the world
I renounce you.
I have
long ago.
but this is a formal
notice.
me against
you.
a restraining
order.
fuck off.
dry up.
vanish.
don't come to
my door
with pizza
pussy
or offers of
peace.
it's too late.
the music has
frozen in the
air
castrated by the
absence of your
presence.
Charles Bukowski
I renounce you.
I have
long ago.
but this is a formal
notice.
me against
you.
a restraining
order.
fuck off.
dry up.
vanish.
don't come to
my door
with pizza
pussy
or offers of
peace.
it's too late.
the music has
frozen in the
air
castrated by the
absence of your
presence.
Charles Bukowski
a minha gabardina
Tal como outros têm por secretária a noite
eu tenho a minha gabardina
de botões desusados e conversas redondas
que vai com os dias de chumbo
e traz filhos ilegítimos como pardais.
Eu e a minha gabardina
formamos uma só e vejam lá que
nos dias de chuva eu molho-me
ela fica enxuta.
A minha gabardina é o meu cão
fiel quando se rasga e mostra um segredo
mapa de meses outros em que nos escondíamos
das luzes excessivamennte denunciadoras
na rua patriarcal.
A minha gabardina é o meu gato
sobranceira aos epítetos de arcaica e
inactual.
«A culpa foi da gabardina»
acusou o amor quando abandonou a casa
doente da minha pele impermeável
às imagens negociadas do desejo.
Hei-de morrer com a minha gabardina
Expô-la como o fato de feltro de Joseph Beuys
Ana Paula Inácio
eu tenho a minha gabardina
de botões desusados e conversas redondas
que vai com os dias de chumbo
e traz filhos ilegítimos como pardais.
Eu e a minha gabardina
formamos uma só e vejam lá que
nos dias de chuva eu molho-me
ela fica enxuta.
A minha gabardina é o meu cão
fiel quando se rasga e mostra um segredo
mapa de meses outros em que nos escondíamos
das luzes excessivamennte denunciadoras
na rua patriarcal.
A minha gabardina é o meu gato
sobranceira aos epítetos de arcaica e
inactual.
«A culpa foi da gabardina»
acusou o amor quando abandonou a casa
doente da minha pele impermeável
às imagens negociadas do desejo.
Hei-de morrer com a minha gabardina
Expô-la como o fato de feltro de Joseph Beuys
Ana Paula Inácio
for Sylvia Plath
O Sylvia, Sylvia,
with a dead box of stones and spoons,
with two children, two meteors
wandering loose in a tiny playroom,
with your mouth into the sheet,
into the roofbeam, into the dumb prayer,
(Sylvia, Sylvia
where did you go
after you wrote me
from Devonshire
about rasing potatoes
and keeping bees?)
what did you stand by,
just how did you lie down into?
Thief --
how did you crawl into,
crawl down alone
into the death I wanted so badly and for so long,
the death we said we both outgrew,
the one we wore on our skinny breasts,
the one we talked of so often each time
we downed three extra dry martinis in Boston,
the death that talked of analysts and cures,
the death that talked like brides with plots,
the death we drank to,
the motives and the quiet deed?
(In Boston
the dying
ride in cabs,
yes death again,
that ride home
with our boy.)
O Sylvia, I remember the sleepy drummer
who beat on our eyes with an old story,
how we wanted to let him come
like a sadist or a New York fairy
to do his job,
a necessity, a window in a wall or a crib,
and since that time he waited
under our heart, our cupboard,
and I see now that we store him up
year after year, old suicides
and I know at the news of your death
a terrible taste for it, like salt,
(And me,
me too.
And now, Sylvia,
you again
with death again,
that ride home
with our boy.)
And I say only
with my arms stretched out into that stone place,
what is your death
but an old belonging,
a mole that fell out
of one of your poems?
(O friend,
while the moon's bad,
and the king's gone,
and the queen's at her wit's end
the bar fly ought to sing!)
O tiny mother,
you too!
O funny duchess!
O blonde thing!
Anne Sexton
with a dead box of stones and spoons,
with two children, two meteors
wandering loose in a tiny playroom,
with your mouth into the sheet,
into the roofbeam, into the dumb prayer,
(Sylvia, Sylvia
where did you go
after you wrote me
from Devonshire
about rasing potatoes
and keeping bees?)
what did you stand by,
just how did you lie down into?
Thief --
how did you crawl into,
crawl down alone
into the death I wanted so badly and for so long,
the death we said we both outgrew,
the one we wore on our skinny breasts,
the one we talked of so often each time
we downed three extra dry martinis in Boston,
the death that talked of analysts and cures,
the death that talked like brides with plots,
the death we drank to,
the motives and the quiet deed?
(In Boston
the dying
ride in cabs,
yes death again,
that ride home
with our boy.)
O Sylvia, I remember the sleepy drummer
who beat on our eyes with an old story,
how we wanted to let him come
like a sadist or a New York fairy
to do his job,
a necessity, a window in a wall or a crib,
and since that time he waited
under our heart, our cupboard,
and I see now that we store him up
year after year, old suicides
and I know at the news of your death
a terrible taste for it, like salt,
(And me,
me too.
And now, Sylvia,
you again
with death again,
that ride home
with our boy.)
And I say only
with my arms stretched out into that stone place,
what is your death
but an old belonging,
a mole that fell out
of one of your poems?
(O friend,
while the moon's bad,
and the king's gone,
and the queen's at her wit's end
the bar fly ought to sing!)
O tiny mother,
you too!
O funny duchess!
O blonde thing!
Anne Sexton
The other day when I was walking through the woods,
I saw a rabbit standing in front of a candle making shadows of people on a tree.
Stephen Wright
Stephen Wright
Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu sentada com casaco de estrelas.
Quando batiam à porta
Era o meu próprio coração.
Agora pendurado em todas as ombreiras,
Também na tua porta;
Entre touros rosa-de-fogo a extinguir-se
No castanho da grinalda.
Tingi-te o céu cor de amora
Com o sangue do meu coraçção.
Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu de pé com sapatos dourados.
Else Lasker-Schuler
Quando batiam à porta
Era o meu próprio coração.
Agora pendurado em todas as ombreiras,
Também na tua porta;
Entre touros rosa-de-fogo a extinguir-se
No castanho da grinalda.
Tingi-te o céu cor de amora
Com o sangue do meu coraçção.
Mas tu nunca vinhas com a noite
E eu de pé com sapatos dourados.
Else Lasker-Schuler
I pronounce your name,
in this dark night,
and your name sounds
more distant than ever.
Federico García Lorca
and your name sounds
more distant than ever.
Federico García Lorca
uma princesa azul pelo crepúsculo
Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos húmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranquilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.
Clarice Lispector
Clarice Lispector
só é tua a loucura
Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga
Aperta-te estreitamente contra o chão.
A terra cheira ainda a Verão, e o corpo cheira ainda a amor. Mas a erva sobre ti já está seca. O vento é frio e cheio de sementes de cardo. E o sonho que te persegue como uma sombra o teu sonho tem olhos de Outono.
Hilde Domin
Hilde Domin
little pieces beyond repair
All parents damage their children. It cannot be helped. Youth, like pristine glass, absorbs the prints of its handlers. Some parents smudge, others crack, a few shatter childhoods completely into jagged little pieces, beyond repair.
Mitch Albom
Mitch Albom
o que não foi destruído ficou em silêncio
sobre a mesa mas reparem: só o que perece
não dói. a dificuldade é incinerar o que fica
o passado é pouco combustível mas os dedos
como os nós também se cortam. mas como
dividir o saque que é inteiro onde rasgar
em que linha imaginária se ainda hoje
todos os decretos foram decretados nulos.
Pedro Jordão
não dói. a dificuldade é incinerar o que fica
o passado é pouco combustível mas os dedos
como os nós também se cortam. mas como
dividir o saque que é inteiro onde rasgar
em que linha imaginária se ainda hoje
todos os decretos foram decretados nulos.
Pedro Jordão
If someone wants to come into my house, he comes
If it pleases him, he stays
Myself, I refuse to plan ahead
And when I am asked
what I would take if my house was on fire
I would reply, the fire
Jean Cocteau, La Difficulté d'être
Myself, I refuse to plan ahead
And when I am asked
what I would take if my house was on fire
I would reply, the fire
Jean Cocteau, La Difficulté d'être
enquanto sonhas, as coisas tremem
como se as desfocassem
lágrimas já preparadas para serem
do sonho o teu real rosto.
acordas, porque as coisas tremem muito
e são quase uma só com muitos lados: o corpo
treme agora bem real com elas. as lágrimas
afinal escorrem. nos jornais
amanhã vão escrever seis graus
na escala do richter
que as mediu não sei bem como.
Bruno Béu
lágrimas já preparadas para serem
do sonho o teu real rosto.
acordas, porque as coisas tremem muito
e são quase uma só com muitos lados: o corpo
treme agora bem real com elas. as lágrimas
afinal escorrem. nos jornais
amanhã vão escrever seis graus
na escala do richter
que as mediu não sei bem como.
Bruno Béu
o medo é quando
Que importa que sejam de ferro
ou sangue as portas?
O medo é quando,
caminhando leguamente a geografia do século,
de mãos estendidas como os que
morreram e teimam,
não alcançamos nenhum
desses limiares, matéria nenhuma
esfingicamente provida
de outra latitude.
Um imenso degrau,
impossível de subir ou descer,
uma mesma sordidez de peles,
um reiterado cálculo
de igualdades,
assim habitamos o território da fábrica:
mesmo de olhos fechados,
é uma máquina que abraçamos,
não como ternura,
não como uma droga necessária
- apenas como o genocídio da
temperatura.
Vasco Gato
ou sangue as portas?
O medo é quando,
caminhando leguamente a geografia do século,
de mãos estendidas como os que
morreram e teimam,
não alcançamos nenhum
desses limiares, matéria nenhuma
esfingicamente provida
de outra latitude.
Um imenso degrau,
impossível de subir ou descer,
uma mesma sordidez de peles,
um reiterado cálculo
de igualdades,
assim habitamos o território da fábrica:
mesmo de olhos fechados,
é uma máquina que abraçamos,
não como ternura,
não como uma droga necessária
- apenas como o genocídio da
temperatura.
Vasco Gato
~
josé socrates e maria da graça estavam no CEC mas havia um gnomo de jardim que não os deixava trabalhar. entretanto entrou um unicórnio a motor com um filme de godard debaixo da asa. atrás de si seguia o laban de camisa de dormir e pantufas cor-de-rosa.
the night
Night. Never have I experienced such agony. I would like to describe his face, his ways - and I cannot, because my own desire for him blinds me when he is near.
Vladimir Nabokov
Vladimir Nabokov
obriga-me
E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras liquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Hilda Hist
Na tua cama?
Disse palavras liquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Hilda Hist
chegas a casa com as mãos
cheias de sacos e vincadas
pelo esforço. o silêncio é escuro
antes de acenderes a luz; depois
o silêncio é o mesmo, mas ilumina
a solidão nos objectos da casa. largas tudo
logo à entrada. acendes a luz fria da casa
de banho. pegas no elástico, agarras os
cabelos, escuros. e lavas o rosto. ele
vai ficando na água. até que o faças
escorrer pelo ralo: sem nenhum som.
Bruno Béu
pelo esforço. o silêncio é escuro
antes de acenderes a luz; depois
o silêncio é o mesmo, mas ilumina
a solidão nos objectos da casa. largas tudo
logo à entrada. acendes a luz fria da casa
de banho. pegas no elástico, agarras os
cabelos, escuros. e lavas o rosto. ele
vai ficando na água. até que o faças
escorrer pelo ralo: sem nenhum som.
Bruno Béu
waiting for it to rain
I don’t consider myself a pessimist. I think of a pessimist as someone who is waiting for it to rain. And I feel soaked to the skin
Leonard Cohen
Leonard Cohen
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um cão dá-lhe pão caga o cão
revende o cão compra pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
não compra não come não caga morre
Alberto Pimenta, Fastio n’Os Entes e os Contraentes
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um cão dá-lhe pão caga o cão
revende o cão compra pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
não compra não come não caga morre
Alberto Pimenta, Fastio n’Os Entes e os Contraentes
Give me a report on the condition of my soul.
Give me a complete statement of my actions.
Anne Sexton
Anne Sexton
Coloca uma palavra
no vale da minha nudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.
Ingeborg Bachmann
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.
Ingeborg Bachmann
por não estarem mais distraídos
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector
às quatro da manhã raramente
está aqui alguém, só de passagem.
eu, pelo contrário, gosto de sentar-me
porque o meio da madrugada vai bem
com estas pedras e estes sentimentos
mesmo que me recordes o resto
da noite, aqui perto, por ali,
entre os corpos organizados e
disponíveis, a língua e a conversa
decorada, essa memória
não chega. Nem tu
a meu lado sobrevives à
solidão deste lugar.
Pedro Santo Tirso
eu, pelo contrário, gosto de sentar-me
porque o meio da madrugada vai bem
com estas pedras e estes sentimentos
mesmo que me recordes o resto
da noite, aqui perto, por ali,
entre os corpos organizados e
disponíveis, a língua e a conversa
decorada, essa memória
não chega. Nem tu
a meu lado sobrevives à
solidão deste lugar.
Pedro Santo Tirso
talvez a juventude
Talvez a juventude seja só este perene
ardor dos sentidos sem arrependimento.
Sandro Penna
ardor dos sentidos sem arrependimento.
Sandro Penna
blues
a casa é um nojo sem ti o lava-loiça o quarto
de banho os lençóis sujos a comida a apodrecer
no frigorifico tu melhor que ninguém sabes que difícil
é conviver com um tipo como eu incapaz de enfrentar
assuntos tais como lavar a roupa o cesto
das compras a escolha de detergente ou a solidão
a minha vida é um nojo sem ti.
Pablo García Casado
de banho os lençóis sujos a comida a apodrecer
no frigorifico tu melhor que ninguém sabes que difícil
é conviver com um tipo como eu incapaz de enfrentar
assuntos tais como lavar a roupa o cesto
das compras a escolha de detergente ou a solidão
a minha vida é um nojo sem ti.
Pablo García Casado
Não não é isso
nada que eu tenho feito
nada
que eu tenho feito
é feito de
nada
e o ditongo
eu
seguido da
primeira pessoa
do singular
do indicativo
do verbo
auxiliar
ter
tudo
que eu tenho feito
dá no mesmo
se fazer
é capaz
de uma
infinidade de
combinações
envolvendo os
códigos
morais
físicos
e religiosos
pois tudo
e nada
são sinônimos
quando
a energia in vácuo
tem o poder
de confusão
que só
nada ter feito
pode fazer
perfeito
William Carlos Williams
nada
que eu tenho feito
é feito de
nada
e o ditongo
eu
seguido da
primeira pessoa
do singular
do indicativo
do verbo
auxiliar
ter
tudo
que eu tenho feito
dá no mesmo
se fazer
é capaz
de uma
infinidade de
combinações
envolvendo os
códigos
morais
físicos
e religiosos
pois tudo
e nada
são sinônimos
quando
a energia in vácuo
tem o poder
de confusão
que só
nada ter feito
pode fazer
perfeito
William Carlos Williams
you are beautiful like demolition
Just the thought of you draws my knuckles white. I don’t need a god. I have you and your beautiful mouth, your hands holding onto me, the nails leaving unfelt wounds, your hot breath on my neck. The taste of your saliva. The darkness is ours. The nights belong to us.
Everything we do is secret. Nothing we do will ever be understood; we will be feared and kept well away from. It will be the stuff of legend, endless discussion and limitless inspiration for the brave of heart. We are gleaming animals painted in moonlit sweat glow. Our eyes turn to jewels and everything we do is an example of spontaneous perfection.
I have been waiting all my life to be with you. My heart slams against my ribs when I think of the slaughtered nights I spent all over the world waiting to feel your touch. The time I annihilated while I waited like a man doing a life sentence. Now you’re here and everything we touch explodes, bursts into bloom or burns to ash. History atomizes and negates itself with our every shared breath. I need you like life needs life. I want you bad like a natural disaster. You are all I see. You are the only one I want to know.
Henry Rollins
Everything we do is secret. Nothing we do will ever be understood; we will be feared and kept well away from. It will be the stuff of legend, endless discussion and limitless inspiration for the brave of heart. We are gleaming animals painted in moonlit sweat glow. Our eyes turn to jewels and everything we do is an example of spontaneous perfection.
I have been waiting all my life to be with you. My heart slams against my ribs when I think of the slaughtered nights I spent all over the world waiting to feel your touch. The time I annihilated while I waited like a man doing a life sentence. Now you’re here and everything we touch explodes, bursts into bloom or burns to ash. History atomizes and negates itself with our every shared breath. I need you like life needs life. I want you bad like a natural disaster. You are all I see. You are the only one I want to know.
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